sábado, 1 de fevereiro de 2014

Pobres rimas sem saída


Viu a porta aberta sem saber outros lados
Sentiu corda tesa a vibrar outros fados
Ruiu, morta, a caneta de tecer desagrados
Sorriu sem rima sem som sem vírgulas.

(GB)
01/02/2014
18:23



DWEJRA TOWER - ILHA DE GOZO - MALTA (ABRIL DE 2013) / (Agora, pra cada jequisse, uma foto) 
FOTO: GILVAN BORGES














quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

conselho do biscoito da sorte


Desfaça-te do que te desfez
Refaça tudo que te constrói.
E naquilo que por dentro corrói
Guardai da dor, apenas lucidez.



(GB)
29/01/2014
00:51

domingo, 5 de janeiro de 2014

Assombração

Medo de 'sombração'?
Arre! Tenho nada Sêo Dotô!!
Que sombração só se crê ou descrê

Medo tenho é daqueles zolhos
Risonhos jades lançadores de cordas
E eu preso girando em volta
quando ela rodou tal um sol no salão.

Orbitei tal qual o sinhô falou dos planetas
nas cacundas das estrelas
Orbitei no chão,
nas cordas daqueles zolhos.

(GB)
05/01/2013
03:01

Sou só redemunho
Na rua, o vento
No tempo, a luz
Anos nús de distância

Quero ser livro branco
Desescritos lugares

Só o que quero é ir.
E só, vou.


(GB)
05/01/2013
02:39

sábado, 8 de junho de 2013

Sonho de um fusca

Eram olhos de nem sei o que
Sei nem donde vieram
mecher comigo
Que quieto vim, quieto ia.
Ela era ELA.
Ela era ONA.

Cabelos de nem sei onde
De nem sei como: o vento pedia bençãos
Sol copiava tudo lá de cima

Nem sei donde vim
Que o pescoço logo quis
Cheiros e medos que tive
Medos que destive e toquei firme
Caos de Cinturas e Labios e poros e pelos agulhando o ar

Panos e mãos. Nús.
(Códigos meus, não repare
Não entenda.)

Nem sei quando
Mas rápido acordei.
Nem sei donde inventei
Fusca sonhando jaguares.

(GB)
08/06/2013
01:39

terça-feira, 12 de março de 2013

Horizontes

Meu ser é de distâncias
Ou aqui ou lá longe.

Nem num sei porque
Confesso, assim fico
qual criança defronte brinquedo de muito gosto
Num sei porque
Mundos outros me chamam em sonhos

Há sempre um mato que me vira p'atrás
Há agora um Horizonte também
Belo

Inda sim, minh'alma é de lonjura
Distante vivo aqui
Decerto... perto serei ao lá?

Com o Mestre Guima
Sonhava ter parecência
Nada tenho (ouso não)
Afora esse arremedo de sotaque de escrita.

Mas há um pequeno, riobáldico fato:
O De travessar sempre
Coisas e rios e tempos
E no meio nem num ver...

Travessando hei-me
Pero now
Vigiante de cheiros,
verdes sons e fortes gestos
De tudo que defronte me passar.

Atento agora sobremais
Que nunca.

G.B
10a12-03/2013

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Meu Chão

Minha Terra: É quando a luz do luar entope os olhos,
e perfura as folhas da mangueira da casa ao lado.
E na parede do meu quarto espalha marcas,
tal qual a fôrma untada esperando a massa.
Polvilhos fluorescentes de iluminar sonhos.
Raios peneirados e rabiscos de platina.

G.B
2012/02/19
00:44

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Te sei


Eu conheço teu riso secreto.
Eu sei.
Eu amo teu erro e seu medo.
Eu amo tua lágrima do fundo do meu sangue.
Sei teu olho como ninguém.
E como ninguém mais, estarei aqui
Pois que vivo tua alegria saltitante
Como o pulo que me falta.

Sou teu chão sonhador
Teu abraço mais encravado
Teu queimar quando congelas
Teu refresco quando ardes
E, se assim não for mais...
Seremos tudo.
Seremos grandes, seremos fortes e belos.

Seremos apenas metades.

07/05/2012

A DOR ENGRANDECE.

 

Fosse assim minh'alma elastecida estaria
Meus tendões rangeriam de tensão
E os ossos, como árvores sol acima,
sem freio expandir-se-iam
Gigante eu hoje seria.
Se verdade assim fosse
Que dor engrandece.

26/04/2012

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Medida


Qual falta faz um pedaço,
ao pedaço que de cá fica pra trás
Se metade-proporção não há,
que meça o naco tardio
Se num palmo não cabe o vazio,
que aqui dentro jáz.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Malessência (conselho de moço)



Sêo Olimpo e o matuto, no caminho pro armazém. O velho homem
desconfia que o rapaz bem captou a sombra em sua feição, ainda
que disfarçada no peso da idade e do cansaço. Abre a prosa sem medo
ao capiau, que em sua imberbe lucidez, alguma gota de ajuda bem
poderia trazer.

- Num sabe filho, que é como que nem a fonte - a água não estando -
resseca, junto o afã, o desembestamento. E a vida amorna, de maus calores. 
Embate besta cá dentro se assenta, pra depois diluir, espalhar. Aperta e arrocha. Que mesmo já nem sei arte alguma de desatância que dê jeito... um nó bem dado na goela, esse tem sido, vice?

Continua o velho cafuzo.

- Desidratado ser eu vi aqui, que mais nem quero adentro olhar, de mim, ... Artes que, de curandeiro, me virei foi um paciente em desvontade. Que chama miúda é essa que me desaquece por dentro?

Deixa dada, o rosto do moço se ilumina.

- Ixi, pois creia, sô Limpo, que em desaviso não me pega essa escurecência de semblante do sinhô. Se nada assuntei, foi porque em aperto de dentro, a autoridade de falar é do dono da alma.

- De pronto falo que em cidade chamam de doença, mal do século, pânico, depressão e escambau. Mas de cá bem suspeito não ter nome pr'esse azedume, e assim como vem, há de ir, sorrateiro no descuido de outro ser com cabeça mais enfraquecida.

- Carece mesmo - perdoa a ousadia do conselho - é guardar parte d'alma pra si. Sinhô que na lida reviver espinhela caída e desfazer quebranto muito se cansou, bem tenho visto. Diz que na fortaleza e na inocência de luz forte dum ser, mal bobo se torna essa sombra na testa, há de.

O ancião, olhar perdido nas folhas da goiabeira furadas de sol...

-Há de, filho. Há de.

GB - Junho 2010

domingo, 23 de maio de 2010

Equilíbrio Instável


Incauto incerto e perene

Trôpego trepidante retilíneo

Viajante vago e sóbrio

Reerguido céu de ocaso


Arauto do silêncio em sol maior

Sustido atém-se desamparado

Ascende encosta abaixo


Pentagrama de fótons apagados.


Certeza de (um) ser único.


GB

maio 2010