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Paro agora as 3 da manhã, de uma noite onírica.
Eu paro pra retirar da cabeça esse fluido de emoções e lembranças,
antes que ele se apague sozinho, ou se misture com coisas menos nobres
desse sub-inconsciente jecal. (sabe a ''penseira'' do Dumbledore?)
O que eu vi!
Eu vi malabares fosforescentes girando em volta da bailarina
suspensa num bambolê aéreo sambando em roda da música
enquanto a música dizia obviedades nunca ouvidas,
para surdo-mudos-cegos,
que somos nós todos.
antes de acabar, lá estava eu agradecendo em silêncio
por dois momentos beirei instintos mais primitivos
por um momento me distrai, quase não ouço o acorde
mas houve o tempo
voltei e...
lá estava violino apontado para a morte do cotidiano
armas em punho:
-gaita, metal de sopro, violão e bandolim
mirando todos contra o bafo dessa servidão
aceita de bom grado
uma luta bonita de uma trupe
fazendo grandes atos minúsculos
movendo pequenos músculos
de mãos e dedos e cordas vocais
movendo mundos
mudos em suas vozes ocultas
movendo tudo
que essa areia não deixe de se soprar
que esse vento não cesse
que esse pano não caia
que o poeta sobreviva
e a bailarina se levante sempre
como hoje.
ps.: Para quem não conhece o projeto Teatro Mágico a fundo,
clique no título desse post. E veja, e escute.
por G. Borges