domingo, 28 de setembro de 2008

EU PAGO PAU


Paro agora as 3 da manhã, de uma noite onírica.
Eu paro pra retirar da cabeça esse fluido de emoções e lembranças,
antes que ele se apague sozinho, ou se misture com coisas menos nobres
desse sub-inconsciente jecal.
(sabe a ''penseira'' do Dumbledore?)

O que eu vi!

Eu vi malabares fosforescentes girando em volta da bailarina
suspensa num bambolê aéreo sambando em roda da música
enquanto a música dizia obviedades nunca ouvidas,
para surdo-mudos-cegos,
que somos nós todos.

antes de acabar, lá estava eu agradecendo em silêncio
por dois momentos beirei instintos mais primitivos
por um momento me distrai, quase não ouço o acorde
mas houve o tempo

voltei e...
lá estava violino apontado para a morte do cotidiano
armas em punho:
-gaita, metal de sopro, violão e bandolim
mirando todos contra o bafo dessa servidão
aceita de bom grado

uma luta bonita de uma trupe
fazendo grandes atos minúsculos
movendo pequenos músculos
de mãos e dedos e cordas vocais

movendo mundos
mudos em suas vozes ocultas
movendo tudo

que essa areia não deixe de se soprar
que esse vento não cesse
que esse pano não caia
que o poeta sobreviva
e a bailarina se levante sempre
como hoje.

ps.: Para quem não conhece o projeto Teatro Mágico a fundo,
clique no título desse post. E veja, e escute.

por G. Borges

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Instante Poetero


P-A-R-T-E-S

Meu olho direito não ve
a inquietação do olho esquerdo
escondo de mim mesmo
a falta de paz que há
às vezes.

meço tolamente meus passos
imagino se eles
afetarão o seu andar.
esqueço inocente do tempo
às vezes.

meu monólogo é meio quebrado
uma parte de mim
um pedaço do que digo
a outra
sente o que falta dizer
mas fica em silêncio.

E ELA ali, passeando na faixa de pedestre
na esquina sem sinal
sem sinal.

21/09/2008
23:23

PS.: Pra quem não teve a curiosidade, exprimente clicar nos títulos dos posts. Sempre uma coisa atoa pra se ler. O deste aqui é o melhor de todos!

sábado, 20 de setembro de 2008

Mini-manifesto pela Natureza.


Perigo! Não avance sem tempo. Leia tudo, ou nada.

Me impressiona ver como algumas 'ciências' estão sempre mudando de uma opinião certa
para outra mais certa ainda.

Só vim manifestar aqui meu desacordo com uma tal secundidade da Teoria do Sr. Peirce. Claro que respeitando os limites experimentais da ciência na época do caboclo, que não permitia análises tão profundas sobre questões como a matéria escura, ou sobre a transformação de massa em energia.

A questão é uma tal secundidade que, segundo ele, passa pelo ponto da corporificação, da existência material, como condição da existência em si. Bom, ele poderia afirmar isso, qualquer um poderia. Mas não havia provas!! E não há. De fato, com tantos experimentos hoje que demonstram a conversão de massa em energia, não se poderia dizer que essa massa deixou de existir, após a transformação. Nada deixa de existir. Nada é criado. Idéia batida já né?

Pois bem, o fato é que o sêo Charles fez o possível em termos teóricos, e não evitou procurar evidências experimentais do que estava dizendo, por isso merece respeito. Mas tristemente abundam teorias sobre psiquês e comportamento humano, ou sobre nosso modo de se expressar...etc, que são adoradas pelos nobres 'cults', simplesmente por agradar aos ouvidos e corações aflitos por consolo intelectual ou por serem tão rebuscadas e intrincadas a ponto de os deixar como que num pódium dos que atingiram o entendimento de tais formulações.

Ah, um apelo solitário. Respeitemos a natureza. O humanismo nos trouxe liberdade: deus deixa de existir, e o homem toma o seu lugar. É como um sopro de inspiração para pulmões cansados do sofrimento imposto pela igreja. Até ai ok. Mas na opinião humilde do matuto aqui, é também um exemplo de teorias do tipo descrito acima, que nos colocou num um pedestal de fundo falso. O problema é que não se consegue domar a natureza, e Deus está lá, em cada detalhe, em cada tempo.

Se hoje temos avisos sobre furacões e terremotos, se há comunicação por satélite e a nossa querida www - além do São DVD-, isso se deve a gente que respeitou o poder natural, ao invés de se fingir de deus e autor de 100% do próprio destino. Ou será que na lista de ateus famosos estavam incluidos Newton, Lorentz, Einstein ou Leibnitz?? No.

Pensar é bom, testar é melhor ainda! A natureza ainda é mais eficiente que o homem. (Ike que o diga.)

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Sketching Life

9 horas da matina de uma segundona braba. Jeca em sua mesa de frente para o pc. Em pleno expediente o Notepad aberto quase totalmente minimizado, exatamente em cima da parte onde se digitam os comandos no AutoCad(meu martelo e minha pá de trabalho). O engraçado é que passei um fim de semana inútel, sem o mínimo apetecimento para escrever, e a danada vontade vem justo quando minhas únicas palavras digitadas deveriam ser algo do tipo "line, trim, extend, offset..."

Sabe o "Fantástico Mundo de Bob"? O matuto aqui adorava aquele desenho!
Acho que fazer planos (mesmo que de forma excessivamente fértil), no fim, é algo importante. Até alguns dias atrás eu estive pensando sobre se eu exagerava no meu fantástico mundinho. Mas hoje vejo que esses planos exercitaram minha paciência e mantiveram meu otimismo, esse que penso ser meu ponto forte.

SIM. Eu fiz planos mirabolantes, eu sonhei um cadim demais. Não ligo. Assim como eles vieram (tão otimistas!), agora vêm outros. Eu sei que não é como ler livros ou ver filmes - em que termina-se um e começa logo outro TODO diferente.

NÃO. No real as coisas se misturam, fim de um plano com começo de outros. O passo mais útil é permitir a vinda destes outros, miudinhos, sem ressentir-se dos antigos projetos não concluídos.
Pessoalmente, uma tentativa de ser honesto com quem gosto, sem blefar comigo mesmo.

Ah,continuo crendo que a música imita a vida, em trechos. (vice-versa??) :

"Agora posso ir
E não olhar pra trás
Passado
Tudo aquilo que se desfáz.
Foi bom te ter mais uma vez
Poder te perdoar
E dar por fim da mágoa
Desse mal amar.
Hoje quero crer
que não foi mesmo em vão
escolho solitude a solidão [...]"

(Trecho de Não foi em Vão - Orquestra Imperial)
9:52 15/09/2008

por G. Borges

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Dá Licensa de contar



Um "ídAlo" não precisa maneiras elegantes, fala nobre rebuscada, trejeitos socialmente aceitáveis...etc. Não mesmo.
Sêo Adoniran fala num tempo quando a família era um grupo de pessoas que tinham laços de convivência contínua e leal, quando ''fusíl'' era só um jeito errado de falar da pecinha que corta a energia elétrica de algum aparelho ou casa, de um tempo quando o samba era a coisa caseira, butecal.
Vão dizer que sou mais um saudosista de tempo em que não vivi, vão dizer que no fim é tudo cliché, sei la mais o quê.

Mas no fim, a simplicidade sincera é algo que não fascina só o matuto que aqui escreve. Não há como negar que ela destroi umas certas armaduras que as pessoas vestem pra enfrentar as convenções sociais. E la pelas tantas, no auge dum batuque, lá vai a linda patrícia mexendo os quadris inconscientemente, e o Sr. Dotôr tamborilando os dedos na mesa.


"O mundo é um trem bão demais. O homem é que estraga tudo" (Joaquim Borges)

" Lá no morro quando a luz da light pífa
A gente apela pra vela, que alumeia também (quando
tem)
Se não tem não faz mal
A gente samba no escuro
Que é muito mais legal (e é natural)

Quando isso acontece
Há um grito de alegria
A torcida é grande pra luz voltar
Só no outro dia
Mas o dono da casa
Estranhando a demora e achando impossível
Desconfia logo que alguém passou a mão no fuzíl
No relógio da luz
"
(A Luz Da Light - Adoniran Barbosa)

por G. Borges