quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Achados da Roça - Espinhela Caída


Segue outro semi-causo-trecho desconexo de estórias capialescas, inacabadas, como tudo até aqui. (atualizada em 10/05/2020)


"- É que desatinei do avesso, dotô, que nem Sêo Limpo deu jeito na espinhela minha. Declarou que tava caída de vez...trabalho pra maior potência de reza, que ele nem num tinha. Tem nada. Temporão, isso tudo.

Bobo fosse eu, marrava pedra no pescoço e pulava da pinguela na água gelada do córgo da baixada. Assombrei foi só na hora, que calado passei a ficar depois, e o costume vem me voltando. Artes de paciência aprendi , ademais, com mestre de gabarito, nem num foi?

Arre! que agora me volta o tino, a vergonha é tanta do quase-medo-pavor, nem... Ontem ainda veio, de soslaio, o tino ruim: era competência de falta de oração, creio. Sei que dotô conhece a mãe que tem, e de dívida que tenho com seu povo eu nem num falo. Mas será que, assuntando com ela, agora que tá boa dos ares de novo, ela num há de fazer a arribada de espinhela minha não?

Medo medo, nem num tenho, me volto pra paz lenta natural. Mas pro regular da cisma quietar, há de um espargir da erva molhada que só Sinhá Tonha - abençoada seja sempre- faz. Aquilo é sem igual em poder nesse gerais.

Modo que então, devidamente ungido de mato por dona Tonha, é que posso voltar pro assossego regular, lembrado do valor que humildemente colhi nesta vida. Vida de matutâncias veladas, de passos longos despressados, mel de jataí tomado no favo tirado pela mão própria que monta esse paioso fedido).

É lembrado dessa vida que olho com boa vista pro inimigo, de arriba pra baixo, e largo o passado arriado, sem peso pra caminhar pelo calendário que me fornecer o Ele. Ão. "

Tal papo findado, o matuto recolhido vê a força nos pés e mãos, a calma confiante de sempre retornando, antecipando a benzeção de Dona Tonha. O incômodo calor entre o pescoço e o peito e a prostração que sentiu nos últimos dias achariam fim nas mãos de Antônia Osório, companheira de João Osório e reconhecidamente eficaz na arte de cura com ervas naturais e orações sussurradas. Competência atestada pelos raríssimos indivíduos que dessa graça gozaram. Necessária era tal intervenção, dado que nem Sêo Limpo (Olimpo de nascimento), ancião benzedor de longa fama, logrou força suficiente para desfazer a 'queda de espinhela' do pobre capiau.

Voltou então à sua cabana, erguida nos arredores do pomar, ao fundo da casa grande, não sem antes bater a botina na soleira, remover o chapéu de vaqueiro e pisar firme com pé direito; galgou 3 ou 4 passos até a santinha de bronze que pendia dum barbante preso a um dos caibros de madeira no meio do cômodo único. Levou o dedo indicador à cabeça do ícone e em seguida tocou a testa, fazendo o tríplice sinal de cruz, tal qual fora ensinado pela saudosa mãe. Aquietou-se, então, no canto de dormir, bateu a poeira da esteira de bambú, tirou o calçado, e deitou tranquilo, certo da cura que chegaria logo ao alvorecer. Sonhou com mãos enrugadas, e cheirando à boldo.

"

18/11/2009

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Bonanza - They Call Me Trinity



#desisto-de-formatar-essa-merda-de-post#

F
az um tempinho eu queria falar duma semi-paixão jecal: Faroestes. Não que seja eu um cinéfilo pronto pra análise do contexto histórico-cultural que permeia os westerns. O fato é que trata-se de um gosto não muito antigo, e que ao mesmo tempo tem raízes de infância, quando fuçava em armários de tios e encontrava livrinhos de banca, sobre faroeste, todos com ilustração dos pistoleiros mais procurados nas capas...
Enfim, esse post já faz alguns meses, mas na memória fraca que tenho, é como fosse ontem.

BONANZA - THEY CALL ME TRINITY


Esse fim de semana foi uma grata surpresa . Constato que há em casa de um colega de trabalho(e aluno de Autocad) um tesouro: uma coleção completa de Bonanza!!

Após a aula, e um agradável almoço com a família (esposa, filho de uns 13 anos, e filha formanda em psicologia), meu colega pergunta casualmente se eu gostava dum faroeste. Um maldito "nuuu, gosdimais!" brota da garganta antes que eu desse por mim, como fosse dublagem de enlatados americanos, onde a fala sai antes da boca se mecher.

Tentei, imediatamente, disfarçar a emoção de ver a pilha de filmes(16 ao todo), mas aquele senhor demonstrou tanta satisfação no fato de eu gostar de faroeste, que eu larguei de frescura. Pisco o olho, e lá tou eu jogado no sofá, abusando da hospitalidade da família mais uma vez, vendo Terence Hill e Bud Spencer e suas estripulias em "They Call Me Trinity". Simples, claro e bruto, como deve ser um bom spaghetti western, ou qualquer outra coisa nessa vida.

Na cozinha, a mulher preocupada repreende o marido: "Bem, você já pensou se o menino não teria outras prioridades pro fim de semana dele? Fica insistindo pro coitado ver suas velharias!",


Não me dei ao trabalho de assinalar mesuras, o tiroteio já pipocava...aool.



G. Borges

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Trilha


Trilha

Porque encontra

o desprocurado no miudo das cores

Porque descansa o sono

que antecede a caminhada

Porque respira o som

da carruagem que vai


E pela senda vê que

de baixo

o penhasco não é tão alto

escalado porém

crescentemente nota

que é tanto quanto poderia ser


Estaturazã.


E sente que

o fôlego quase faltante

e na garganta um risco de lã

querendo roubar-lhe vidas

insípidos descoloridos são

desprezados quedam-se

Ante o ar desparticulado


O imaterial viajante

narinas adentro

De grama recém cortada.

O respiro inexistente


E por que prevê sombras da verdade

(oniricamente desdistantes)

É que dormirá o sono

curto e livre

do imberbe ser que

trôpego

recém andou pela prima vez.


26/10/2009

23:46


quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Achados da Roça - VISITA

Eis uns trechos ali guardados, esperando o dia em que será feita ordem e progresso na bagunça das frases soltas que tento escrever.

"[...]
-Se acredito?
-Nem.
E nem descreio, modo que em desconfiância natural-constante hoje ando, torto na trilha daquela água. Porque o rio escorre pelo leito que pr'ele foi talhado, e inda sim trata de moldar, afundando - por ânsia própria de chegar ao MAR - a própria sua estrada...

E quando, infante em carro de meus pais, vi o leito de asfalto desaguar no mar pedroso onde agora vivo, consciência não tinha de quanto mal aqui toparia, nem da belezazinha safadamente amoitada em cantos-esquinas, quanto mais de...esse é um mar estranho, mano meu. Muito bem me fez a visita sua, lhe confesso, e num foi só requeijão caseiro e pelo café torrado, mas a lembrança mano, a lembrança[...] "

"[...]-Josino, o engenheirozim dotô, o fi do sêo Antônio, mesmo disse bunito das tais intermitências da vida, do tal gradiente, das diferenças de temperatura jogando calor dum lado pro outro, da esquisita pressão, que carrega liquido e gás pra lá e pra cá, e que só descansa quieta quando quedada em energia... Energia, tem negócio mais estranho?

Eeita, que moda inventei agora! Bubiça tanta. Há de que a fala solta vã, carrega muita sujeira de pensamento que, num fosse o silêncio antecipado tratando de limpar, espalhava toda pela voz e virava verdade na boca ruim. É porque penso bem do silênciozinho matutante, O Que Antecede [...]
"


Bão, antes que venham com aqueles emails altamente instrutivos que andei recebendo meses atrás, já aviso que nunca neguei meus 'ídalos' e reafirmo o convite para leitura do primeiro post desse lugar. E reforço que adoraria receber qualquer tipo de comentário, critica, ou xingamento, basta que haja fundamento, fundamento!. Té.

G. Borges

sábado, 3 de outubro de 2009

FALANDO E DIZENDO NADA.

Bão,

Épocas tensas tiram a liberdade da prosa boa e livre entre compadres. Assim também tiram
a permissão da auto-prosa, do pensamento solto e próprio.

E assim, ainda com partes boas acontecendo, não sobreveio ao matuto em questão a livreza de cabeça necessária para escrever algo novo aqui. Tenho planos de matutâncias guardados, mas nenhum se dispôs a sair dos flashes cerebrais pra virar um textim qualquer. Tenho a matutância pela descoberta do lado filosófico da engenharia, de como a danada anota a vida no meio dos seus 'modelos'. Hei de reclamar do trabalho(que ultimamente não tem me satisfeito como antes), da escola(só pra não perder o costume), do tempo que já foi e era bom. Quero falar da terrinha que não vejo à quase 3 meses(devo bater o recorde), de um vilarejo que não vejo a quase um ano e de coisas que inquietam as camadas adentradas dum jeca. Tem um raio dum post que escrevi início do mês, no notepad ou no oneNote, mas não acho o trem também.

Até lá, treino a paciência. Hora tem que o parafuso pensador gira, descamba a carreira de letras faltantes e liga os flashes isolados de ideias bobas que tenho. Antes disso, me enrolo num silêncio semi-vazio, semi-pensante, espio e observo. Quando um mestre meu me ensinava a técnica, caindo de gargalhadas desmedrosas, eu não gastava tempo discordando: ria também.

"J: É preciso comer bem meu neto, mas guarde um pouco pra brusundanga."
"G:Brusundanga é a sobremesa vô?"
"J:Tsc tsc tsc, não meu filho, é a cachorra da vizinha"


quarta-feira, 9 de setembro de 2009

DA RAZÃO DE SER

Bom, imaginando a improvável possibilidade de que colegas
da disciplina online que tenho feito resolvam por aqui aparecer,
elaborei um roteiro pra que não se percam, nem se assustem
com o meu idioma.
Lembro que, antes de estudar engenharia, sou um capiau que ousa escrever o que pensa e o que vê.

Alguns posts aleatórios que colhi(exceto o primeiro de todos) podem resumir um pouco a essência desse lugar. Se tiverem paciência (e tempo) recomendo:

1 - PECADO CAPIAU Primeira tentativa de definir este lugar.

outros:

- Terra Natal - A visão de um matuto.

- O Silêncio de um Jeca - divagações sobre o ser sertanejo.

- Pensamentos em semi-poesia I

- Tentativa de auto-definição

domingo, 6 de setembro de 2009

Sorry Mama, I'm not coming home.

Bão, voltando ao momento autista, juntei dum canto ali uns pensamentos já carcomidos, uma reflexões inacabadas e coisital. Como tudo estava bagunçado no OneNote, e não consegui organizar o trem num texto normal, solto as frases meio soltas na esperança de fazerem mais sentido.
Ah, um pedido público: se alguém conhecer um psicólogo(de preferência (a)) com experiência em tratar de vícios, peço gentilmente me informar. Eu achei que estava imune ao menos ao Twitter, mas agora ele simplesmente se enfileirou na lista de vícios virtuais da jecal pessoa. E acho que agora seja caso para tratamento. Dizem que a confissão é o primeiro passo rumo a cura e, assim, creio ter feito a primeira etapa. Seguem, agora, as matutâncias sobre alguns tipos de criaturas humanas (ou não):

Penso que:



há os que veêm melancolia,

e calam-se, sérios, moribundos

dum silêncio oco e ignóbil

pelo vão que habita suas mentes.

Formam o PrimeiroTipo.


E há os calados da tristeza sincera:

São Os Segundos.


Talvez saibam estes últimos,

um pouco mais do segredo

que habita a vivência

Notam que sua dor é momentânea

que o silêncio é provisório

e preenchido de matutâncias.


um silêncio diferente daquele

vevido pelos do Primeiro Tipo

um pensante silêncio matutal

risonho mesmo em choro


É o não-som dos que sabem

que viver é tão perigoso...

e pulam da ponta da vida

e no meio do buraco sem fim criam asas


(que a autopiedade dos moribundos mentais do primeiro tipo

jamais sonharia em desenhar)


O mundo é dos fortes.

Caricaturas não tem vez nem hora.

O solo bom é dos fortes

De peito-alma.

Que nem sempre fazem pose

Que pouca lábia gastam

Em sua calada labuta.


E assim deve ser.


por G. Borges

sábado, 29 de agosto de 2009

AROU?

Para uma dotora que irá passar o fds ouvindo cornomusic(por que quer, né?), nada melhor(no sentido pior) do que uma escrita "Dôr-de-cotÓvelos" style. E assim creio que encerro o momento falso-poetero 2009.


Aroma.


num sei se o gosto que guardo
numa gaveta pensante do peito
soante tão largada estava
é teu

mas bem desconfio.

Se da pele saem faíscas sem rumo
pousam sãs e salvas
na calma bruta do ser capialesco
que, de labuta e ócio, ciente fez-se

há de, aqui braços que esperam atentos
sinal pequeno de desamparo
ou luz maior de desejância
lampejos quaisquer

esperam sim, descalmamente
envoltar inteiros teu pequeno ser
neles te aderir de proteções e gosto
deles criar tua cabana

Ao que sento espero
Desatento trilho a senda
Errosa árvore retorcida.

29/08/09 2:10

quinta-feira, 20 de agosto de 2009


(Do chão torrado-chamuscado vem a cor. Eis o cerrado)

D'O Fogo em Flor

(Traduzido do jequês arcaico)


Teria meu lembrete dela

cor de fruta?

cheiro de furta cor

ah! sim.

Lembro.


acerto-lhe olhos de lado

zanzando juízos

que mais num tenho

mal'espio seu cheiro amarelipê

desembesto em roda pensante.


A cabeça própria-minha sem freio

é desandante:


É rolimã descendo barranco

É carreira de fugitivo de onça

em penumbra do Gerais.


G. Borges 20-08-09 13:54


sexta-feira, 14 de agosto de 2009

DESABAFO.

A vergonha que tenho, não é das noites de cachaça, nem das besteiras desmedidas ditas - lucidamente ou não. A vergonha mais doída é aquela da cautela e preocupação, das atitutes comedidas, das vezes que me desgastei para não assustar, enfim, da boçais ingenuidades que acabo cometendo, ao tentar colocar minha bruta franqueza jecal de lado.


Coloco sempre uma pedra nas mãos (escondidas às costas esperando para atacar) cada vez que ouço o início de alguma fala preconceituosa ou uma difamação gratuita. Não preciso de esforço pra enxergar o lado positivo das coisas-pessoas, é um negócio estranhamente natural para o jeca que cá escreve. De forma que, quando percebo, muitas vezes o chão já sumiu e tomei 'otro capote num' poço qualquer, e de volta vem a vergonha por tudo que havia sido feito com tanto cuidado para não ''ferir'' a inocência alheia.


Engraçado como algumas pessoas não se satisfazem com as contumazes mentiras que livram a pele, que podem até, em certas situações de 'perigo iminente', render tempo e evitar o 'desandamento do trem todo'. Nesses casos, o que provavelmente aconteceria seria a verdade (ou boa parte dela) acabar aparecendo, mas num momento talvez mais oportuno. A essência (ou o que se defina como o mais próximo da verdade factual) é quase inescondível.


Há aqueles(as), contudo, que decidem usar de pequenas e sistemáticas mentiras para produzir talvez um polimento contínuo em suas imagens pessoais. O que não notam é que dificilmente alguma das desverdades realmente fará o efeito desejado e, se por um lado não causarem nenhum problema para os mentirosos, tampouco surtirão algum efeito realmente positivo nos 'trouxas-que-acreditarem'; quase sempre passarão desapercebidas ou notadas muito vagamente pelos crentes em questão. Se omitidas fossem essas inverdades elogiosas, tudo teria sido muito melhor, e o(a) criador(a) das mentiras não seria menos admirado por não ter cometido todas aquelas proezas, ou por não ter todas aquelas virtudes alardeadas.


Enfim, se há uma utilidade para essas específicas mentiras, é a de - num certo momento- serem descobertas e fazerem o 'crédulo' ouvinte sentir tamanha vergonha e nojo de si, a ponto de aplicar-se um belo banho na alma e aprender alguns anos de lições em poucos dias.


Eu.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

O Livro dos Matos


(Manuel Nardi - O Manuelzão.)


No princípio, havia a dúvida


fim não houve,

desde então.


Fez-se, contudo

o medo ao tempo do meio

O irmão da coragem

alado presságio da pergunta

preciosa e selvagem seiva

imortal questã.


e a palavra nasceu

e do breu, em seguida, a Luz.


G. Borges

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

DES-VERDADES.


Se por ocaso dentro de ti
parte boa ainda houver
mesmo morta por covardes
e pequenas mentiras
use-a de novo, ali
se algum gosto lhe couber.

Que d'eu mesmo
bem sei no breu regenerar-me

Minha ferida honesta é

De juiz-dotô não apeteço fingir-me
Nem guardo o de falar
Sobreponho apenas minha pena
Por tuas tã pequenas
Desnecessárias desverdades.

Desnascidas deveriam-de.


G. Borges

quarta-feira, 29 de julho de 2009

ELEVADOR.


No Princípio houve o susto. Depois veio a dúvida acompanhada

do medo. Nessa hora a dona claustrofobia soltou seus soldados sanguíneos desembestados pelas veias jecais, na querência de disparar o coração e preparar os músculos pra a iminente fuga (no caso, impraticável, mas vai explicar isso pros instintos evolutivos...)


Primeiro pensamento:


"-Não, a energia não acabou comigo no elevador". Insiste nisso por uns 30 segundos. Constata, então, que o ar começava a faltar (o primeiro e mais forte sintoma da fobia), senta-se na cadeirinha de ascensorista (estava só no elevador) na tentativa de diminuir a altura manométrica de bombeamento do sangue para o cérebro, evitar possível perda de consciência e manter a escassa capacidade cognitiva intacta (o anjinho da engenharia falando no ouvido). Apalpa botões até descobrir o alarme, mas Murphy se reviraria no túmulo se o botão realmente funcionasse, seria anti-natural!! Não, o alarme não tem nenhuma fonte de energia extra, logo não funciona em situação de falta de luz (curiosamente, a responsável pela maioria das paradas de elevador.)


A segunda onda de pânico veio sem avisar, todos os pensamentos pessimistas recomeçaram, dessa vez mais fortes, mas o único sintoma notado foi o coração disparando num ritmo incessante. Após os 5 primeiros minutos de uns gritos de ajuda (másculos, diga-se, nada de histeria), a primeira resposta de um ser vivente conteve a crise que se apossava d'O Claustrófobo. Palavras como "está vindo...manutenção...chave especial..." fizeram o desejável efeito placebo.


Mas o Dotô Murphy em júbilo se encontrava, onde quer que estivesse, uma vez que o jeca, na véspera de outra leva de pânico, apalpa o bolso em busca daquele aparelho que usa para verificar as ligações não lidas(celular?), constata que o mesmo não se encontra ali, impedindo qualquer contato decente com o meio externo.


Aos 15 minutos de detenção e descobre a função luminosa do relógio de pulso, descobre que não está cego. Reanimado com a fonte de luz, resolve usá-la para encontrar um ponto de apoio para empurrar a porta interna e, ao conseguir, constata-se defronte a um paredão, mas há uma fresta para o andar de baixo, que poderia ser usada, desde que ele consiga abrir porta externa, o que naturalmente não foi possível.


Passos e conversas são audíveis agora, com a porta interna aberta:


"Eita hein!", diz o senhor para um colega, "dessa vez foram 3 transformadores queimados na rua, acho que em menos de 5 horas a CEMIG não conserta isso). "


Decide então cantarolar sozinho e evitar ouvir qualquer outra conversa. Pessoas passam e dão batidinhas no pedaço visível da porta externa, ele responde e pede notícias...nada da manutenção. Passa a brincar com o cronômetro, tentando acertar com precisão de 1 em 1 segundo. Não conseguiu acertar no 1seg exato, mas obteve em num impressionante 1seg e 3 centésimos por duas vezes. Repete o processo para minutos, contanto 60segundos mentais e apertando o botão do relógio, nota que tem boa noção de tempo, acerta marcas em torno de 58s, 62s...


Mais passos, barulho de ferramentas e vozes, agora alteadas: Porteiro: "-Porra meu, 40minutos pra chegarem aqui? vocês já estavam no prédio, que merda foi essa?" O rapaz responde que passou por ali e deu uma batidinha na porta e que ninguém respondeu...por isso passou para os outros andares onde provavelmente havia pessoas a serem resgatadas.


Esvai-se de súbito a calma matuta e, de dentro do elevador, antes mesmo de esperar a porta se abrir:


"-Aaah, quer dizer que se houvesse alguém inconsciente e preso no elevador vocês mandariam chamar um médium pra baixar a resposta? E só depois de constatar que havia mesmo um espírito preso, ce ia resolver abrir a porta? Tem mais, trocentas pessoas bateram nessa porta e eu respondi trocentase duas vezes, só parei quando já tava rouco depois de meia hora gritando! Putaqueopariu!... " e aproveitou para relembrar anos de palavras de baixo calão acumuladas e há muito sem uso que aprendera em sua adolescência, além das mais recentes e variadas, cujo ex-chefe lhe legara.


Após ameaças de processo do capiau irado, pedidos de desculpa aceitos, o jeca (de volta à inabalável calma matuta) volta para seu andar, de escada, senta-se em sua mesa e tenta trabalhar, dá aquela olhada psicológica pra claustrofobia:


-Uai!!Pensando bem, hoje cê perdeu, preibóia!


G. Borges

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Pequenências


Pequenências.


A dor do mundo partido
dobrado é o doído
se não é nosso
o universo quebrado

antes, aqui havia
um peito
jaz moído em trituração angustiada

autonojo, meu ônlico desgosto.
ônlicamente meu.
e jaz no breu a luz
antes havida nesse poço

olhos secos sempre estado
por exceçã-mór hoje aguosos
tão!! que nem o Velho Chico
em vasto leito me caberia

pela perda escolhida
dum mundo quebrado
que não é o meu
pela dor duma partida

mas me espremeu
exponência de dor.
eia! a incompetência!
de nem a raiva causar.

22-07-09 23:33

sábado, 18 de julho de 2009

A Pouca Fala


(Matuto - por Angelica Schmitz)

A Pouca Fala.


há, toda vez

bitela dum esforço

sempre há

a vontadezã, e também a causa

a explicação do silêncio capiau.

ei-la (ou alguma parte dela):


a voz ausente, muita dela

fruto é, não só da costumeira matutância

senão duma querência tenaz

de dizer o certo verdadeiro


o bruto silêncio

espera, só, ser rompido

quando dentro duma casca,

sair palavra essência, ou maior.


escura falta de som

acompanha o bom matuto, muita vez.

inda sim, os pontinhos brilhantes saem

quando em vez

e há quem veja Vênus como estrelinha colorida


pequenos buracos branco-prateados são

trechos de verdadezinhas

que se dão à luz.

palavras sertanejas...


G. Borges

quinta-feira, 16 de julho de 2009

TRAGICOMÉDIAS CAPIALESCAS


Ato II - Bandolins


O Partido da Razão

deposto

irrequieto arma ardis sigilosos


Nas ruas esburacadas

a massa retumba num grito gutural

- Emoção! emoção! emoção!


Abaixado no meio do tiroteio

matutamente ele tira seu chapéu

-a palha seca cravejada de furos-

e olha pra dentro

(de si)

se vê escorrendo.


é chão esfarelando

é noite que desentermina

é a mosca des-alada

é o arraste da cascavel ferida


é a dor de quem acorda

no meio dum sonho

de ar mais pesado que leite

é um querer correr,

e o passo não vir!


a câmera é lenta

mas o tempo não parou.


G. Borges

terça-feira, 14 de julho de 2009

TRAGICOMÉDIAS CAPIALESCAS

Antes de prosseguir com as bubiças costumeiras que ainda me restam
guardadas, resolvi dividí-las em partes, já que achei o formato dos textos
estavam saindo do padrão(?) dos últimos posts.


ATO I - O Ensaio


Eis que há uma revolução ali dentro
motins desordenados
capitaneados por velhos palhaços
velhacos que só

Seu conta gotas
que sempre funcionou
seu dosador de instintos
pinga pinga de emoção
enchendo sem turbulência
a cabaça dentro do peito

cortaram seu conta gotas!
fluxos fluidos desordenados
atrozes escapamentos sensitivos
é trem pipocando de todo lado!

...desordenadamente se aperta
espreme corpo
quer caber no fluxo...

12/07/2009 12:47

G. Borges

quarta-feira, 8 de julho de 2009

A represa

Mais 48horas, só mais 48horas e me vejo livre e pronto pra curtir minhas semi-férias.
Um semestre de faculdade às vezes me custa 1 ano de vida...Mecânica dos fluidos, resistencia dos materiais, bioengenharia...quanta coisa bonita num só ano. Mais duas materiaszinhas e aquele trabalhinho acoxambrado de fim de semestre, dai corro pra cerva mais próxima.
Detalhe pra tópico da ultima matéria da ultima e mais fodelante prova do semestre, a de amanhã: "Trabalho Virtual". E eu que sempre quis algo assim...

Curiosamente, um fim de semana lotado de farras amigais me fará recuperar esse tempo perdido. Espero.

Proveitando que a bregueza não me abandonou, mais uma do mês retrasado me sai por aqui.


A Represa

Ela ali nadou
me danou a paz todinha
fingiu que nada tinha
a ver com isso tudo

do rio desenxerguei
das margens velhacas
mais não sei

rio que não acaba
desenxerga-se dele

ela ali nadou
de soslaio olhou danada
danou-me o mundo
numa olhada
só.

Vagamunda.
vaga a mente
vã demente
displicente
chuva de letras
palavras tontas de nexo
perplexei-me dali
choveu sem meio
sem começo
definhei

hein?


G. Borges

sábado, 4 de julho de 2009

Seção Ói de Peroba Extra-Plus Advanced.


Douze dúvidas.


Das vozes q'eu escuto ali

nenhum zumzum de tino

é tudo nebulosamente

cabulouso


halegrias estranhas hesistem?

se joleza há , nada devia me estranhar

mas do medo eu nem falo.

bem quis...

bem quis

tudo muito perigouso é,

às vêz.


ah!! Dotô Paulo, O de Tarso,

pros coríntios cê disse bonito:

"Quando menino,

falava como menino..."

Me falta a continuança

que na travessia é que parei.

É tanto mar!


G. Borges

terça-feira, 30 de junho de 2009

Desgovêrno II


Desgovêrno II


nem num sei pronde me leva
o sonho estacionado ali na esquina
da janela acho que escuto
cadim da música dela

vão nenhum eu deixava
minha carruagem atulhava
de coisa minha propriamente
que nem espremido cabia
suspiro sequer de lua alheia

espaço que hoje sobra
um lado que vi vago
ali
esquerdamente no peito
grandezim me enxergo
nobreza formada de supetão
nobreza-zã.

num exercício de paciência
palermo que sempre fui
esquento a água até ver as bolhas
entorno café pelo centro
devagar...

rapidez me entontece,
tem vez.


G. Borges

segunda-feira, 29 de junho de 2009

DESGOVERNO I


Bom, com meu ói de peroba em mãos, decidi tirar unas escrituras

guardadas no armário (entenda-se, oneNote, bichim bom esse).
Segue uma.

Desgoverno I


Sonho o tempo todo

pequenos sonhos sem rumo

sonhos grandes intercalados

é um trêm desgovernado


nem num sei donde ela vem

a música

nem não ouvi nada

antes dela

queria desejos úteis

sonhos retos

mas quando penso que não

cego me vejo.


meu ego é tamanho!

às vezes

noutras nem tanto

desconverso



Por G. Borges

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Erroso


E
u, cá insistirei no erro
cometerei renitente
a asna burrice

nem é por escolha errar
ah bão!
menos é que seria
medo mór de falhar

eia pois
na livreza d'exprimentar
sigo errante-miúdo ser
agigantado por dentro
numa bola de lições
cada errança, uma camada.

eu cá, insistentemente errarei
calarei um cadim essa frieza cabeçal
trupicarei em ti, como fiz antes
como farei de novo.
Artes de curandeirisse sempre acho
conserto as feridas sobre a pele nova,
grossa que só vendo.
e calejarei-me depois do ralado.
Vergonha acho que nunca nem tive.

(15/06/2009 - 00:20)

quarta-feira, 10 de junho de 2009

MATA-MOSCAS!!!

Sai pra lá moscaiada!!

Confesso que depois do tempo de bateladas de prova, o que faltou
foi o ânimo, e um pouco da semvergonhice natural que me permite
escrever as bobagens de sempre.

Feriadão:
Mãe, to chegando ai na terrinha, me aguarde!! Quem sabe não recupero meu óleo de peroba.

bju do chico, o bento.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

O Escrito do já Dito




FeedBack Song for a dying Friend [2x]


Madness and lonelyness

you're telling me about

my friend

and is all buried inside you


And quite more

I would've told to you

'bout that tough fake resemblance

'bout your untrue pose


could not be more explicit (it)

as an announcement

of a real

weak soul portrait.


And of an martial art

hidden place you've made

of a simulate deep voice

as long as you succeded


I'm pretending

Not to feel sorry for you.

I'm pretending

Not to feel darker as you.


I'm not a good player.


(G. Borges)

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Fruta que partiu! (Jequês Lessons II)

Bão,

Depois de tanta bobagem acumulada num só vídeo, segue
a sequência do causo do lambisame.

" Ah nem, creim deus paidi..."

"E o bebado:
- Ué, comé cocê chama?
- Eu, sou seu pió pesadelo, a soma das 7 praga do egito,
muito pior que o cão chupano manga.
- Minha sograa de deus, isso é hora de ficar no mei da rua...
"

LAMBISAME 2 - O RETORNO

Tinha tanto tempo que eu não ouvia um rocês tão autêntico, que
a tal saga do lambisame me deu uns bons dias de risadas idiotas
pela rua afora, era só lembrar dum "cê besta trem!", e o jeca aqui
passava por doido na rua, rindo a toa.

Curuz.

sábado, 18 de abril de 2009

Jequês Lessons parte I (CORREÇÃO)

.
Depois que recuperei o fôlego após ver o vídeo pela primeira vez, passei a acompanhar as notícias desse caboclo, o Zé das Quantas, meu quase-conterrâneo, radicado em Curvelo, terra que fica na região da Grande Três Marias(a minha metrópole natal).

Enfim, eis o primeiro vídeo da saga do Lambisame. Espero que venham muitos.

Assista sentado, e com um copo com água ao lado, de preferência.

O SOMBRIO CASO DO LAMBISAME


quinta-feira, 16 de abril de 2009

O céu de cá, não pipoca como lá.



Porque há ali o velho cheiro de folhas,
terra molhada,
de carona na brisa morna da dona Noite.
Noite adentro há um céu negro.
Céu negro adentro há um fundo Branco,

Vislumbrado só pelos furos: zentilhões deles.
Os seres dessas bandas cá chamam-nos de Estrelas.

O Branco fundo tem nomes, nomão.
DELE, não gasto falácias.
Nem nada sei.

DELE, que no miúdo de tudo se mistura..."

(Achados da Palha Seca- G.B.)

quarta-feira, 1 de abril de 2009

DEFINIÇÃO.

 
Ponte sobre o Rio São Francisco, em Três Marias, MG (água natal) 

Dizia: 
Porque metade é silêncio
Outra metade é bubiça
Um terço é jequisse 
Outros dois, matutâncias

Ess'alma nem não vendo 
preço nenhum não paga
Aceite social, senso comum... Nonada
Eu sou é um,
Meu Eu anticarismático é 'invendível'. 

Dizia, não digo mais.
Eu era é um.
Hoje, quero só ser.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Dori me

Abismo

Crie a chuva morna
Películalmente pelo chão
Frio
de só

Congelá-lo não permitas
Esse tão solo
Frio
de dar dó

Bem sabes, como eu
Do vulto e do boato
Do sussurro
Do segredo

Do Mal do Século

Anti-mal sejas
Clichémente faças
A parte óbvia:

Aquecer a boa água
Fazê-la cair
Gotas e nuvens

Surjam de todo lado
Lateralmente
Verticalmente
Interiormente

O Mal do Século:
É o resfriamento global.

(23/03/09 - 00:29)

sexta-feira, 20 de março de 2009

NEBLINA
Le Moulin de la Galette - Renoir


Alí eu me perco,

N'Um trecho sem nexo

N'Ela pura em pêlo

Alí desconverso

Disparo sem alvo


É mais um querer achar

Um sem-rumo no mato

Procurar um não-sei-o-que.


Nela eu me acharei (hei?)

Nem eu sei

Se virá

Longolisos pêlos pretos


Vereda puro breu.

Onde semi se vê

Quasenxerga

Não a lí.

Mas quem lerá?


Alí quem chegará?


(20/03/09 - 02:42)


quinta-feira, 12 de março de 2009

DES-VERDADES.

DES-VERDADES


Se por ocaso dentro de ti
parte boa ainda houver
mesmo morta por covardes
e pequenas mentiras
use-a de novo, ali
se algum gosto lhe couber.

Que d'eu mesmo
bem sei no breu regenerar
Minha ferida honesta é

De juiz-dotô nada me apeteço
Nem guardo o de falar
Sobreponho apenas minha pena
Por tuas tã pequenas
Desnecessárias desverdades.

Desnascidas deveriam-de.


G. Borges

DAS MAIORES PEQUENEZAS

O Por do Sol na Terrinha: Três Marias

O cheiro da Terra.


Eu queria empacotar o cheiro da Terrinha, de terra molhada com ervas ou coisa assim - que vem pela janela aberta de madrugada . O cheiro do pomar da casa vizinha que me acorda nas manhãs de sol forte. A visão panorâmica da mini cidade. No fim de cada dia eu queria montar uma rede em frente ao Lago, assitir o por do sol detrás das pequenas serras que o rodeiam, ouvindo música legal, matutando a vida e sentindo o cheiro...o cheiro, e nesse momento tentaria empacotá-lo novamente.


Não era intenção continuar falando da minha roça, mas é que faltou falar melhormente dumas minúncias, como o cheiro. É claro que uma parte não menos importante são os mimos da 'véia'. Se eu viajasse de olhos vendados, saberia que estava chegando em casa, só pelo cheiro do pão de queijo que estava à espera. Mal entrei, abro a geladeira pra beber água dou-me de cara com tantas guloseimas que fico parado um instante, pensando num plano para aliviar a máquina de todo aquele fardo. Ao fim de três dias, já tinha em meu currículo tantos quitutes que ficava ansioso para ver o que rolava no dia seguinte.
Óbvio que para gastar tantas calorias, praticar esportes era urgente. E assim o alterocopismo noturno era complementado com a sinuca butecal nas tardes.

Como se diz por ai(aqui): ÊEE mundão, caba não!!


G. Borges

domingo, 8 de março de 2009

DO INÍCIO.


Antes de tudo, um feliz ano novo à todos, apesar de que o reveillion (entenda-se carnaval) já foi há mais de duas semanas.

Bastou aquela semana (eu fiz a quinta e a sexta-feira de cinzas) na pequena Três Marias, para lavar da alma a sujeira impregnada dos ultimos tempos.

Pouco antes da viajem, o arrependimento de quebrar o ciclo de carnavais na maravilhosa Diamantina já se apossava da pessoa jecal, mas, ao primeiro olhar na paisagem, as nuvens se foram e aquela paz preencheu o recipiente do ser que vos escreve.

É um lugar que para muitos seria insosso. Pequena, com suas 30 miles pessoas, sem shopping center, grandes casas noturnas, grandes cafés e livrarias, enfim. Mas um bom matuto só abastece sua bateria no lugar em que ela foi forjada, e assim, geralmente não fico mais do que 1 ou 2 meses sem retornar.

Muitas são as visões daquele lugar, e os mais jovens que lá habitam tendem a rejeitá-la por não pertencer(a cidade) mais ao mundo ultrasônico que nos arrebanha como gado de corte. Mas a minha visão do local é típica de um filho coruja, e só penso na bela e enorme represa, nas cachoeiras, nas pessoas que se cumprimentam ao se cruzarem nas ruas. Lançando mão do "Opa, cê tá bão/boa/beleza?" ou os simples "bom dia/tarde" ou só " Dia/Tarde".

Penso na minha geração de antigos amigos, que sempre retorna nas mesmas épocas, nos singelos programas que só se fazem naquele microcosmo: festa na Taberna do Lago, samba no Hotel (na beira do Lago), a sinuquinha cervejal nos butecos, as rodinhas de violão, o 'churras na casa de fulano', o 'bora nadar na represa?', ou o ápice do ano: A fatídica micareta "Carnamarias" que, nesse caso além de ser o marco da reunião de todas as turmas de egressos da terrinha, é de fato um rebuliço na cidadela, que com grande dificuldade consegue abrigo para todos os turístas. Nesses 3 ou 4 dias, tudo fica pra trás, até mesmo as minhas ressalvas ao axé-music, ao pagode e ao funk, já que são esses os responsáveis pela energia quase palpável que envolvem o trajeto atrás do trio nas estreitas ruas trimarienses.

Enfim, volta-se feliz, e pronto pras batalhas na verdadeira selva.

por G. Borges

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Geração


E a vida pede pra continuar. Ela implora por isso. Um dias
me perguntando se todas as lutas foram em vão, e agora uma janelinha parece se abrir, sem pausas e bem devagar. O que encarei como derrota agora simplesmente aceito como fatos, talvez herdeiros de algum nexo numa tal teia do destino.

Até quis fazer uma escritura, um inventário de dons e lições, pelo que serei por sempre grato à uns dois, que agora gozam seu prêmio, num lugar indubitavelmente melhor. Desisti.

Reverências:
Ao lado matuto, de que tanto tenho orgulho, e do qual meu estandarte ainda está lá fincado no peito. À dona Olímpia.
Ao lado palhaço e generoso, que espero adquirir em doses cada vez maiores. Ao senhor Joaquim Borges.

Parece que o doutor tempo grita pela próxima geração. Esta, ainda relutante, finge não saber da obrigação de começar a tecer teias tão nobres quanto aquelas que agora se deitam sob o verniz protetor das lembranças.

Shalom Aleichem, senhor e senhora.

EDIT(27/01/2009 00:10)---
Estava acabando de fazer comentario em blog alheio e corri pra cá. É Coldplay tocando Fix You, nesse momento . Desta vez eu vi muito mais sentido (na música) do que na soma das restantes.

por G. Borges