quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

...Enfim, um ano termina e o tempo-livre que deveria vir, ainda não chegou. Uma batalha terminou em Novembro, mas o cara de cima jogou outra pra enfrentar, com outra pessoa querida.
Assim sendo, mesmo com as vontades de prosear atoamente por aqui, vou reservar minha energia pra luta.

Ah, como as notícias estão pipocando de uma só vez, vale ver um oásis de lucidez, sobre a questã dos sofridos palestinos:

As Bombas de Israel (post bastante esclarecedor, eu totalmente recomendo).

Desejo sim, um ano de força, coragem, inovação e saúde pra nosotros.
té.

domingo, 21 de dezembro de 2008


Viagem do guerreiro.

Por um momento, já no quase-fim,
pensei: fosse chover quando terminasse
e ele se livrasse das correntes de plástico.
Inocência minha, pensar que tanta alegria
virasse choro apenas por se desprender desse mundo.

Que no fim (e começo, eu sei) vi um sol agradável
com gotas d'água vindo não sei de onde
Ali eu ri pensante: "-Chuva doida, artes estranhas."
Sim, meu velho, eu (só) ri de tudo que me disse.

Pela honra: Um o lugar ao teu ombro
Lanças e escudos na trincheira
Cento e trinta e três sóis
sem pestanejar, lutamos cabis-altos

Que depois do fim
Ou começo
Quando, às 9 da matina,
fazia um arco íris.

Pelas aulas, obrigado.


A Joaquim Borges, mestre-vô, mestre-de-vôos.

G. Borges.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Semi-discurso à Mineiridade



Antes da ausência desta pessoa, algumas matutações já se haviam
acumulado em meu PC. De forma que acho melhor lançá-las aqui, aproveitando a falta de inspiração e tempo dos últimos dias (ao menos a parte do tempo se resolve logo, espero).
Vivi nesse ano, mais que em todos os outros. E nos últimos 30dias, mais que em todo o ano. Há uma pequena homenagem a ser postada em breve, e um mini relatório também. Mas antes, relembro a razão de ser, desse lugar aqui.

Segue algo feito pouco após as eleições:

Bão, falando das Minas, um comentário recente de uma nobre frequentadora desse blog, me fez matutar. ''...tanto nacionalismo", disse Taísa, ao se referir ao apego dos mineiros com a própria terra (Post sobre o Reuni). E não é que as coisas podem ser olhadas dessa forma?

Aliás, escreveria mais pra-frentemente, dizendo que talvez fosse
um mundialismo ou globalismo (dá pra entender o que quero dizer né?)
É que, mais do que um país-zinho a parte, há um mundo aqui,
dumas tradições, dum otimismo desconfiado, dum orgulho levemente ufanista, mas o melhor: Um mundo de gente aderida ao cenário - Essas serras gastadas, os campos gerais, ou mesmo a capital cheia dos cantinhos verdes-. O respeito é implícito, vem do olhar, e a hospitalidade é algo como que sagrado. A força interna de cada um, não é exposta aos quatro ventos, e essa ânsia por auto-afirmação no mundo de agora, me parece ser menos evidente por estas bandas.

Foram umas pensadas desse tipo me levaram ao primeiro textim desse trem-blog, criado como um remédio virtual para problemas extremamente reais, problemas de travessias. (vide Pecado Capiau)
Foi um post-homenagem a dois seres (Dotô Rosa e Senhor Manuelzão) pelo reforço e respeito que os mesmos proporcionaram a uma parte mais interna do mundo mineiro, aquela parte que chega na capital de vez em quando, sempre desconfiada desse povo que não olha nos olhos.

18-11-2008
Por G. Borges

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Terra em Vistas.



Sem tempo. Inclusive para comentar sobre a falta de tempo.
Mas ainda sim, ''desperdiço" algum sonhando viagens.

DICA: Google earth no modo "noturno" é a perdição para fãns de supernovas e buracos negros.

De cima.

Nova York é cinza
a Bavaria é marrom
Londres também
a Guiana Grancesa é verde.

a Africa é vermelha.
(infelizmente, lá embaixo também (vermelhosangue).)

G. Borges

sábado, 25 de outubro de 2008

Descarga



Perdi a conta de quantas vezes abri o notepad nos últimos (corridos)
dias tentando escrever algo que espantasse as moscas desse lugar.
Nunca fiz meditação, acho até que me seria útil nesses meus últimos tempos.
Dizem que, com ela, é possível deixar a mente livre de qualquer pensamento...
Até que eu aprenda a meditar, percebi que posso usar o notepad, com efeitos quase idênticos. Era executar o programa, e lá vinha aquele branco, aquela paz, tal qual tivesse passado um Veja Multiuso no (suposed to be) cérebro.

Coisas que pensei em escrever, mas cujos pensamentos dissolveram-se tão logo a tela branca do editor se fez nascer:
1 - Prezados Belo Horizontinos: Peço gentilmente que sejam um pouco menos susceptíveis a emocionalismos, nesses tempos sombrios, e que façam uma escolha sensata amanhã (domingo de eleição). Afinal, penso em ficar uns bons anos por aqui, e gostaria de ter um lugar decente para viver. Tá, eu sei que o páreo esta duro, os canditatos são excelentes , mas façamos esse esforço, para o bem de todos, e da nação mineiropolitana.
2 - Ainda sobre BH: Estou indignado ao constatar o roubo dos meus bordões roçais por um candidato a prefeito dessa cidade!! Espie:

"Sabe duma coisa? ...."
"Gente, cê sabe do que BH precisa?"

O slogan -supostamente- era: Gente cuidando de gente. Ficou assim: Gente plagiando Gente.

3 - Constato com tristeza um certo acumulo de dvd`s e livros legaizinhos(Aaah, o cheirim de papel novo!!) que inescrupulosamente continuo a comprar. No fim o que tenho assistido são vídeos(até interessantes) de britadores de mandíbulas, separadores magnéticos, e demais máquinas(zonas). E o que me obrigo a ler quase sempre envolve "modelo diferencial" ou "conservação de massa e momento". A propósito, cheguei à conclusão de que o alfabeto grego logo não será suficiente para descrever todas as incógnitas que tem aparecido nas aulas.

4 - REUNI, vá para a Senhora(Sr.) Puta(o) que vos deu a luz!! Já dá pra imaginar a beleza que vai ser o próximo semestre com um acréscimo de mais de mil vagas de ingressantes na escola. E ainda sou obrigado a ouvir: "Não devia reclamar, Gilvan, a UFMG terá em breve, o maior parque de engenharia da América Latina...". Deus, perdoai-os, eles não sabem o que dizem.

Pra salvar:

Musicas aleatórias para a semana:
- Stanley Jordan - A Child Is Born
- Novos Baianos - A Mídia
- Secos e Molhados - O Patrão Nosso de cada Dia
- Bruce Springsteen (e daí?) - Born to Run
- Astor Piazzolla - Alevare (da opereta Maria de Buenos Aires) ("Trem bão é coisa boa")

Letras:
- Baudolino - Umberto Eco (se já leu, releia!)
- Blog O pior da Fama (alívio para tédio sabadal).

por BLÉH!

sábado, 11 de outubro de 2008

Rótulos, porque não vão à senhora PQP!!



S
abe duma coisa? Contracultura é só uma cultura do "contra", e não se exime
do fato de ser uma cultura, e carregar junto de si
suas algemas(zinhas), ainda que essas sejam coloridas ou de um
aço mais brilhante que as da cultura de massa.

Centenas de Milhões se prendem num way of life imposto por meios massivos de comunicação.
Uns outros Milhões (só algumas dezenas de milhões, exclusivíssimos!)
se prendem em outros tipos de way of life, que exigem sacrifícios
diferentes. Gostam, às vezes, de serem identificados com nomes
(ironicamente) estrangeiros: Underground, indie, alternative, cult(o top).

Os primeiros sacrificam sua capacidade de discernimento
e entram na preguiça do que já vem pronto e mastigado pela mídia.
Os outros (os exclusivos) sacrificam seu corpo, e sua alma e sua liberdade
de escolha, talvez na mesma proporção, na tentativa de
verem-se livres de tudo que for "consenso".

Como seria ser livre, no meio disso tudo?

Adendo:
Uma expressão muito usada na engenharia é "
arbitrar valores",
um jeito politicamente correto para dizer "estou chutando".


Eu arbitro que ser LIVRE, é poder aproveitar o que vem de bom
do massivo e do alternativo. Poder assistir um blockbuster que
lhe chame a atenção, ler aquele best-seller com uma capa legal, sem
precisar ficar olhando pros lados esperando alguém que diga:
- "...boniito hein??".

É poder ouvir aquele conjunto que faz música experimental
usando garrafas e telhas de amianto, sem medo de ser chamado
de esquisito.

Claro que nessa brincadeira, um mal maior espreita aqueles que
ousarem tentar. É uma solidão estrutural, já que te faltará um rótulo.
E pessoas sem rótulo encontram alguma grande dificuldade em serem de fato
aceitas. Por mais que se rodeie de amigos e pessoas queridas, que ria
e faça piadas, e receba declarações de afeto. As vezes a danada
sensação virá e zombará da sua falta de encaixe pleno, nesses mundos.

"Nas estepes eu vejo muito longe. Não vejo nada por perto."
"Todo ser vivo tem o direito de ser ignorante. E ignorar."

por G. Borges

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Breve Estória Meninística

Minha vida mudou (ponto). foi aquele dia e não me importa se alguem soube a vida? nao foi mais a mesma depois do dia de 7 anos O começo eu olhei pro aparelho era à pilha uma tampa sobre as teclas debaixo dela um paninho veludo vermelho Era de madeira clara E entre sala e cozinha, uma cortina de pano vermelho-barato Com sabedoria infantil Estranhei Como uma casa tão simples guardava um tesouro de tã grandeza grandeza-zã? quis fazer promessa pouco tempo faz fazer dizer com letras o que foi o que senti quando vi aquele pianinho de brinquedo que tocava de verdade! ficamos minutoras, mêséculos, parados naquele quartossala Eu, o Pianinho e a dona Musga. té atingir, em proeza infante 12 primeiras notas da sinfonia "parabens pra você". meu deus meu deus nunca me importou se alguém soube (acho que ninguem saberá) o que foi aquele dia o que foram uns outrozinhos que mudaram meu rumo. no meio de todos ela deboxava d'eu musiquinha. por G. Borges

domingo, 28 de setembro de 2008

EU PAGO PAU


Paro agora as 3 da manhã, de uma noite onírica.
Eu paro pra retirar da cabeça esse fluido de emoções e lembranças,
antes que ele se apague sozinho, ou se misture com coisas menos nobres
desse sub-inconsciente jecal.
(sabe a ''penseira'' do Dumbledore?)

O que eu vi!

Eu vi malabares fosforescentes girando em volta da bailarina
suspensa num bambolê aéreo sambando em roda da música
enquanto a música dizia obviedades nunca ouvidas,
para surdo-mudos-cegos,
que somos nós todos.

antes de acabar, lá estava eu agradecendo em silêncio
por dois momentos beirei instintos mais primitivos
por um momento me distrai, quase não ouço o acorde
mas houve o tempo

voltei e...
lá estava violino apontado para a morte do cotidiano
armas em punho:
-gaita, metal de sopro, violão e bandolim
mirando todos contra o bafo dessa servidão
aceita de bom grado

uma luta bonita de uma trupe
fazendo grandes atos minúsculos
movendo pequenos músculos
de mãos e dedos e cordas vocais

movendo mundos
mudos em suas vozes ocultas
movendo tudo

que essa areia não deixe de se soprar
que esse vento não cesse
que esse pano não caia
que o poeta sobreviva
e a bailarina se levante sempre
como hoje.

ps.: Para quem não conhece o projeto Teatro Mágico a fundo,
clique no título desse post. E veja, e escute.

por G. Borges

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Instante Poetero


P-A-R-T-E-S

Meu olho direito não ve
a inquietação do olho esquerdo
escondo de mim mesmo
a falta de paz que há
às vezes.

meço tolamente meus passos
imagino se eles
afetarão o seu andar.
esqueço inocente do tempo
às vezes.

meu monólogo é meio quebrado
uma parte de mim
um pedaço do que digo
a outra
sente o que falta dizer
mas fica em silêncio.

E ELA ali, passeando na faixa de pedestre
na esquina sem sinal
sem sinal.

21/09/2008
23:23

PS.: Pra quem não teve a curiosidade, exprimente clicar nos títulos dos posts. Sempre uma coisa atoa pra se ler. O deste aqui é o melhor de todos!

sábado, 20 de setembro de 2008

Mini-manifesto pela Natureza.


Perigo! Não avance sem tempo. Leia tudo, ou nada.

Me impressiona ver como algumas 'ciências' estão sempre mudando de uma opinião certa
para outra mais certa ainda.

Só vim manifestar aqui meu desacordo com uma tal secundidade da Teoria do Sr. Peirce. Claro que respeitando os limites experimentais da ciência na época do caboclo, que não permitia análises tão profundas sobre questões como a matéria escura, ou sobre a transformação de massa em energia.

A questão é uma tal secundidade que, segundo ele, passa pelo ponto da corporificação, da existência material, como condição da existência em si. Bom, ele poderia afirmar isso, qualquer um poderia. Mas não havia provas!! E não há. De fato, com tantos experimentos hoje que demonstram a conversão de massa em energia, não se poderia dizer que essa massa deixou de existir, após a transformação. Nada deixa de existir. Nada é criado. Idéia batida já né?

Pois bem, o fato é que o sêo Charles fez o possível em termos teóricos, e não evitou procurar evidências experimentais do que estava dizendo, por isso merece respeito. Mas tristemente abundam teorias sobre psiquês e comportamento humano, ou sobre nosso modo de se expressar...etc, que são adoradas pelos nobres 'cults', simplesmente por agradar aos ouvidos e corações aflitos por consolo intelectual ou por serem tão rebuscadas e intrincadas a ponto de os deixar como que num pódium dos que atingiram o entendimento de tais formulações.

Ah, um apelo solitário. Respeitemos a natureza. O humanismo nos trouxe liberdade: deus deixa de existir, e o homem toma o seu lugar. É como um sopro de inspiração para pulmões cansados do sofrimento imposto pela igreja. Até ai ok. Mas na opinião humilde do matuto aqui, é também um exemplo de teorias do tipo descrito acima, que nos colocou num um pedestal de fundo falso. O problema é que não se consegue domar a natureza, e Deus está lá, em cada detalhe, em cada tempo.

Se hoje temos avisos sobre furacões e terremotos, se há comunicação por satélite e a nossa querida www - além do São DVD-, isso se deve a gente que respeitou o poder natural, ao invés de se fingir de deus e autor de 100% do próprio destino. Ou será que na lista de ateus famosos estavam incluidos Newton, Lorentz, Einstein ou Leibnitz?? No.

Pensar é bom, testar é melhor ainda! A natureza ainda é mais eficiente que o homem. (Ike que o diga.)

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Sketching Life

9 horas da matina de uma segundona braba. Jeca em sua mesa de frente para o pc. Em pleno expediente o Notepad aberto quase totalmente minimizado, exatamente em cima da parte onde se digitam os comandos no AutoCad(meu martelo e minha pá de trabalho). O engraçado é que passei um fim de semana inútel, sem o mínimo apetecimento para escrever, e a danada vontade vem justo quando minhas únicas palavras digitadas deveriam ser algo do tipo "line, trim, extend, offset..."

Sabe o "Fantástico Mundo de Bob"? O matuto aqui adorava aquele desenho!
Acho que fazer planos (mesmo que de forma excessivamente fértil), no fim, é algo importante. Até alguns dias atrás eu estive pensando sobre se eu exagerava no meu fantástico mundinho. Mas hoje vejo que esses planos exercitaram minha paciência e mantiveram meu otimismo, esse que penso ser meu ponto forte.

SIM. Eu fiz planos mirabolantes, eu sonhei um cadim demais. Não ligo. Assim como eles vieram (tão otimistas!), agora vêm outros. Eu sei que não é como ler livros ou ver filmes - em que termina-se um e começa logo outro TODO diferente.

NÃO. No real as coisas se misturam, fim de um plano com começo de outros. O passo mais útil é permitir a vinda destes outros, miudinhos, sem ressentir-se dos antigos projetos não concluídos.
Pessoalmente, uma tentativa de ser honesto com quem gosto, sem blefar comigo mesmo.

Ah,continuo crendo que a música imita a vida, em trechos. (vice-versa??) :

"Agora posso ir
E não olhar pra trás
Passado
Tudo aquilo que se desfáz.
Foi bom te ter mais uma vez
Poder te perdoar
E dar por fim da mágoa
Desse mal amar.
Hoje quero crer
que não foi mesmo em vão
escolho solitude a solidão [...]"

(Trecho de Não foi em Vão - Orquestra Imperial)
9:52 15/09/2008

por G. Borges

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Dá Licensa de contar



Um "ídAlo" não precisa maneiras elegantes, fala nobre rebuscada, trejeitos socialmente aceitáveis...etc. Não mesmo.
Sêo Adoniran fala num tempo quando a família era um grupo de pessoas que tinham laços de convivência contínua e leal, quando ''fusíl'' era só um jeito errado de falar da pecinha que corta a energia elétrica de algum aparelho ou casa, de um tempo quando o samba era a coisa caseira, butecal.
Vão dizer que sou mais um saudosista de tempo em que não vivi, vão dizer que no fim é tudo cliché, sei la mais o quê.

Mas no fim, a simplicidade sincera é algo que não fascina só o matuto que aqui escreve. Não há como negar que ela destroi umas certas armaduras que as pessoas vestem pra enfrentar as convenções sociais. E la pelas tantas, no auge dum batuque, lá vai a linda patrícia mexendo os quadris inconscientemente, e o Sr. Dotôr tamborilando os dedos na mesa.


"O mundo é um trem bão demais. O homem é que estraga tudo" (Joaquim Borges)

" Lá no morro quando a luz da light pífa
A gente apela pra vela, que alumeia também (quando
tem)
Se não tem não faz mal
A gente samba no escuro
Que é muito mais legal (e é natural)

Quando isso acontece
Há um grito de alegria
A torcida é grande pra luz voltar
Só no outro dia
Mas o dono da casa
Estranhando a demora e achando impossível
Desconfia logo que alguém passou a mão no fuzíl
No relógio da luz
"
(A Luz Da Light - Adoniran Barbosa)

por G. Borges

terça-feira, 26 de agosto de 2008

SAMBA FUGAZ



A
vantagem de um monólogo,
é a auto-cura!! E o auto-divertimento (Sim, eu tiro sarro d'eu mesmo)
E assim surge um blog de um leitor só...! (auto-risadas)

O fato agora é que uma banal, superficial e fútil micareta de interior,
pode ser melhor que banho de sal grosso pra descarrego!!
Tanto FOI, que me vi em vias de postar um samba-bossa
do sêo Zé, que me fez muito sentido agora na fase pós-ressaca.

Samba Fugaz.


se afogue em seus consolos
suas pedras frias

tristemente diminui
o seu conceito
seu preceito
sobre mim

nem mais poder de mágoa tu terias
sobre mim

magina só?
quem feriu meu coração
fui eu

e assim, que se seja
que vá
com meus melhores cumprimentos
meus melhores pensamentos

minha solidária gratidão
ao seu livre coração

meu vivalei nada vale!
senão a força que em mim renasce
e que me permite deixar
que você

Vá.

(Zé Figura)

por G. Borges

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

AS CORDAS



Às vezes descobrimos nosso tamanhinho
é um susto repetente, triste.
isso não é o fundo do poço

Um depois qualquer
E há sempre um alguém que nos vê de uma forma
que (pra nós, ao menos) parece mui grande, exagerada.
pessoa(s) que vêem grandeza, mesmo aqui na gente.

uma confiança cega (em nós)

O fundo do poço não chega
E se tiver chegado
Isso é a corda

Eu vejo o sol
Eu tenho cordas.


G. borges

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

LIBERDADE É CEGA.




UM DOS meus infernos se forma com dois ingredientes:
atraso na saída para aula + dia de jogo.

A Circunstância: Quinta feira e eu vestindo o manto sagrado azul celeste, no ponto à espera do mercedes benz 'azuzim' (com motorista e tudo) que me leva para aula.

Fato1: Me dou conta d'uma quantidade absurda de gente vestida com o dito manto, no mesmo ponto e me lembro: Cruzeiro x Inter : no mineirão...

Conclusão1: Foo Del (english speaking).

Resolvo subir mais alguns quarteirões para tentar pegar o busones antes que ele se entupa, e no ponto mais acima outro fato me chama a atenção.

Fato2: Ali eu contei 6 deficientes visuais em um grupo de menos de 20 pessoas, e isso me pareceu acima de qualquer estatística. De qualquer forma, depois de observar por mais algum tempo, notei que não vieram todos juntos, numa excursão turística ou coisa assim. Cada um estava 'na sua'. Alguns acompanhados, mas DOIS deles totalmente ''sozinhos''.

Me peguei matutando (e isso não tem cura) sobre
aqueles dois, em especial:

REVELAÇÃO: -->Eles simplesmente VÃO.

Não sabem se alguma viv'alma irá perguntar se precisam de ajuda ou se querem que ser avisados sobre um buraco na calçada ou quando o ônibus estiver passando.
Não. Eles confiam. Será que isso não é um negócio muito bonito? Fiquei matutando:
E se a gente vivesse assim, como os dois. Se simplesmente FOSSEMOS! Ao invés de esperar as coisas melhorarem, ao invés de querer ter certeza, ou de querer garantia de sucesso??
Tenho quase certeza que sempre haverá alguem que nos ajudaria a "subir nos ônibus" ou que nos alertaria quando o sinal abrisse.

Eu sei, falo muita coisa solta. Mas quem sabe não se tira dessa emboleira alguma verdade que não sei?

O que eu sei, é que eu quero só IR.


G. Borges

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

MEMÓRIA


Me peguei num pensamento: Acho que a memória da gente podia ser como uma RAM de computador, desliga-se a energia uma vez, e tudo se vai, e quando o pc reinicia, só ficam nela (memória) os programas realmente ''NECESSÁRIOS'' ao funcionamento da máquina. Né não?

" é facil esquecer
aquilo que se deve lembrar
dificil é largar do pensamento
o que se deve esquecer

pra poder continuar."
.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

PECADO CAPIAU


No dia 19 de maio de 1952, um matuto mór nomeado Jõao Guimarães Rosa (ou sêo Jõao Rosa, na fala de Manuelzão) iniciava uma jornada que duraria dez dias atravessando o sertão mineiro, na entrega de uma boiada por um percurso muito bem vivido pelos capiaus que guiavam o comboio. Destes, re-cito o mestre Manuelzão, sêo Zito e Sebastião de Morais, senhores do oficio da lida tropeira.

A inteligente pra-frenteza do sêo João residiu (na minha humilde visão) no fato de atentar para uma sabedoria sem fim, e raramente observada pelos 'da cidade'. Ele acompanhou uma entrega de boiada por dez dias, atravessando o gerais. Deixou-se mesclar ao mundo sertanejo, aos modos matutais. Ele aprendeu as palavras que não se escreviam - com aqueles que não sabiam ler.

Me toma, sempre que me lembro das minhas origens, um orgulho infantil por saber-me vivido num lugar por onde passou tã grandiosa TRAVESSIA, e por ter visto com meus próprios olhos um sêo Manuel Nardi parado na porta da igreja Matriz de Três Marias, esperando seu ônibus para Andrequicé. E na sequência desse orgulho, me toma o remorso. Nunca anotei nenhum de seus causos, e quando naquela casa humilde, não me preocupei em perguntar onde o seu Guima se sentou...etc. Essa é minha
mea culpa, meu pecado capiau. Um fato: eu era só uma criança fascinada com um senhor barbudo, que perambulava humilde e solenemente por uma cidade que não atentava para a pedra histórica que abrigava.

Mas sêo Rosa não foi bobo nem nada, anotava tudo em seu caderninho, ouvia atento os causos e as piadas dos matutos, e não lhes desprezava os modos e superstições. Nonada!(perdão, mas tinha que usar). Os registros desses dez dias de peregrinação, se embolaram de tal maneira a virar o que a gente hoje lê com reverência, o Grande Sertão: Veredas, e a novela da qual faz parte Manuelzão. Uma constatação: O único livro brasileiro entre as 100 maiores obras literária de todos os tempos foi escrito numa terra de veredas que eu vi e também atravessei (mesmo que em parte)!!

É disso que falo quando apelo para a matutice: Das coisas que não se dizem nos livros da escola. Dos livros feitos com olhos e bocas, das leis que ninguém registrou, e que regem esse mundo de forma tão misteriosa. É o mundo dos Gerais
, do vilarejo de Canoeiros, do centenário Andrequicé, do Lassance, do Morro da Garça e tantos outros. O que eu queria mesmo, era que a imagem do matuto de cócoras, mascando seu capim, ou fumando seu 'paieiro' num fim de tarde, fosse respeitada, sem ironia ou gracejos ou (o pior) pena. Visão para a qual, infelizmente contribuiu de forma genial o Mestre Monteiro Lobato, ainda que de forma involuntária, com seu jeca tatu desprovido de decisão e tino.

Que a sapiência matutal sobreviva aos tempos de neons coloridos, aviões e gente correndo dia e noite entre cubos de pedra.

G. Borges

para saber mais sobre Manuelzão, dê aquela bisolhada AQUI