segunda-feira, 23 de março de 2009

Dori me

Abismo

Crie a chuva morna
Películalmente pelo chão
Frio
de só

Congelá-lo não permitas
Esse tão solo
Frio
de dar dó

Bem sabes, como eu
Do vulto e do boato
Do sussurro
Do segredo

Do Mal do Século

Anti-mal sejas
Clichémente faças
A parte óbvia:

Aquecer a boa água
Fazê-la cair
Gotas e nuvens

Surjam de todo lado
Lateralmente
Verticalmente
Interiormente

O Mal do Século:
É o resfriamento global.

(23/03/09 - 00:29)

sexta-feira, 20 de março de 2009

NEBLINA
Le Moulin de la Galette - Renoir


Alí eu me perco,

N'Um trecho sem nexo

N'Ela pura em pêlo

Alí desconverso

Disparo sem alvo


É mais um querer achar

Um sem-rumo no mato

Procurar um não-sei-o-que.


Nela eu me acharei (hei?)

Nem eu sei

Se virá

Longolisos pêlos pretos


Vereda puro breu.

Onde semi se vê

Quasenxerga

Não a lí.

Mas quem lerá?


Alí quem chegará?


(20/03/09 - 02:42)


quinta-feira, 12 de março de 2009

DES-VERDADES.

DES-VERDADES


Se por ocaso dentro de ti
parte boa ainda houver
mesmo morta por covardes
e pequenas mentiras
use-a de novo, ali
se algum gosto lhe couber.

Que d'eu mesmo
bem sei no breu regenerar
Minha ferida honesta é

De juiz-dotô nada me apeteço
Nem guardo o de falar
Sobreponho apenas minha pena
Por tuas tã pequenas
Desnecessárias desverdades.

Desnascidas deveriam-de.


G. Borges

DAS MAIORES PEQUENEZAS

O Por do Sol na Terrinha: Três Marias

O cheiro da Terra.


Eu queria empacotar o cheiro da Terrinha, de terra molhada com ervas ou coisa assim - que vem pela janela aberta de madrugada . O cheiro do pomar da casa vizinha que me acorda nas manhãs de sol forte. A visão panorâmica da mini cidade. No fim de cada dia eu queria montar uma rede em frente ao Lago, assitir o por do sol detrás das pequenas serras que o rodeiam, ouvindo música legal, matutando a vida e sentindo o cheiro...o cheiro, e nesse momento tentaria empacotá-lo novamente.


Não era intenção continuar falando da minha roça, mas é que faltou falar melhormente dumas minúncias, como o cheiro. É claro que uma parte não menos importante são os mimos da 'véia'. Se eu viajasse de olhos vendados, saberia que estava chegando em casa, só pelo cheiro do pão de queijo que estava à espera. Mal entrei, abro a geladeira pra beber água dou-me de cara com tantas guloseimas que fico parado um instante, pensando num plano para aliviar a máquina de todo aquele fardo. Ao fim de três dias, já tinha em meu currículo tantos quitutes que ficava ansioso para ver o que rolava no dia seguinte.
Óbvio que para gastar tantas calorias, praticar esportes era urgente. E assim o alterocopismo noturno era complementado com a sinuca butecal nas tardes.

Como se diz por ai(aqui): ÊEE mundão, caba não!!


G. Borges

domingo, 8 de março de 2009

DO INÍCIO.


Antes de tudo, um feliz ano novo à todos, apesar de que o reveillion (entenda-se carnaval) já foi há mais de duas semanas.

Bastou aquela semana (eu fiz a quinta e a sexta-feira de cinzas) na pequena Três Marias, para lavar da alma a sujeira impregnada dos ultimos tempos.

Pouco antes da viajem, o arrependimento de quebrar o ciclo de carnavais na maravilhosa Diamantina já se apossava da pessoa jecal, mas, ao primeiro olhar na paisagem, as nuvens se foram e aquela paz preencheu o recipiente do ser que vos escreve.

É um lugar que para muitos seria insosso. Pequena, com suas 30 miles pessoas, sem shopping center, grandes casas noturnas, grandes cafés e livrarias, enfim. Mas um bom matuto só abastece sua bateria no lugar em que ela foi forjada, e assim, geralmente não fico mais do que 1 ou 2 meses sem retornar.

Muitas são as visões daquele lugar, e os mais jovens que lá habitam tendem a rejeitá-la por não pertencer(a cidade) mais ao mundo ultrasônico que nos arrebanha como gado de corte. Mas a minha visão do local é típica de um filho coruja, e só penso na bela e enorme represa, nas cachoeiras, nas pessoas que se cumprimentam ao se cruzarem nas ruas. Lançando mão do "Opa, cê tá bão/boa/beleza?" ou os simples "bom dia/tarde" ou só " Dia/Tarde".

Penso na minha geração de antigos amigos, que sempre retorna nas mesmas épocas, nos singelos programas que só se fazem naquele microcosmo: festa na Taberna do Lago, samba no Hotel (na beira do Lago), a sinuquinha cervejal nos butecos, as rodinhas de violão, o 'churras na casa de fulano', o 'bora nadar na represa?', ou o ápice do ano: A fatídica micareta "Carnamarias" que, nesse caso além de ser o marco da reunião de todas as turmas de egressos da terrinha, é de fato um rebuliço na cidadela, que com grande dificuldade consegue abrigo para todos os turístas. Nesses 3 ou 4 dias, tudo fica pra trás, até mesmo as minhas ressalvas ao axé-music, ao pagode e ao funk, já que são esses os responsáveis pela energia quase palpável que envolvem o trajeto atrás do trio nas estreitas ruas trimarienses.

Enfim, volta-se feliz, e pronto pras batalhas na verdadeira selva.

por G. Borges