sábado, 11 de outubro de 2008

Rótulos, porque não vão à senhora PQP!!



S
abe duma coisa? Contracultura é só uma cultura do "contra", e não se exime
do fato de ser uma cultura, e carregar junto de si
suas algemas(zinhas), ainda que essas sejam coloridas ou de um
aço mais brilhante que as da cultura de massa.

Centenas de Milhões se prendem num way of life imposto por meios massivos de comunicação.
Uns outros Milhões (só algumas dezenas de milhões, exclusivíssimos!)
se prendem em outros tipos de way of life, que exigem sacrifícios
diferentes. Gostam, às vezes, de serem identificados com nomes
(ironicamente) estrangeiros: Underground, indie, alternative, cult(o top).

Os primeiros sacrificam sua capacidade de discernimento
e entram na preguiça do que já vem pronto e mastigado pela mídia.
Os outros (os exclusivos) sacrificam seu corpo, e sua alma e sua liberdade
de escolha, talvez na mesma proporção, na tentativa de
verem-se livres de tudo que for "consenso".

Como seria ser livre, no meio disso tudo?

Adendo:
Uma expressão muito usada na engenharia é "
arbitrar valores",
um jeito politicamente correto para dizer "estou chutando".


Eu arbitro que ser LIVRE, é poder aproveitar o que vem de bom
do massivo e do alternativo. Poder assistir um blockbuster que
lhe chame a atenção, ler aquele best-seller com uma capa legal, sem
precisar ficar olhando pros lados esperando alguém que diga:
- "...boniito hein??".

É poder ouvir aquele conjunto que faz música experimental
usando garrafas e telhas de amianto, sem medo de ser chamado
de esquisito.

Claro que nessa brincadeira, um mal maior espreita aqueles que
ousarem tentar. É uma solidão estrutural, já que te faltará um rótulo.
E pessoas sem rótulo encontram alguma grande dificuldade em serem de fato
aceitas. Por mais que se rodeie de amigos e pessoas queridas, que ria
e faça piadas, e receba declarações de afeto. As vezes a danada
sensação virá e zombará da sua falta de encaixe pleno, nesses mundos.

"Nas estepes eu vejo muito longe. Não vejo nada por perto."
"Todo ser vivo tem o direito de ser ignorante. E ignorar."

por G. Borges

2 comentários:

Taísa disse...

Ter estilo nos dias de hoje é não ter estilo nenhum. Odeio batalhinha de egos e o escambau.


"aproveitar o que vem de bom
do massivo e do alternativo."

Saber discernir já é uma grande vitória.

Gabriella disse...

Por isso que eu amo o James às sextas: diversos estilos, que não são estilos, reunidos num lugar só e convivendo tão bem, mas tão bem, mas tão bem, que você nem acredita que são estilos e que são diferentes.

E talvez não sejamos, de fato!